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quinta-feira, 1 de maio de 2014

Polêmica da Petrobras- PREJUÍZO NA COMPRA DA REFINARIA DE PASADENA

Em novo depoimento no Congresso Nacional, a presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou nesta quarta-feira (30) que o prejuízo de US$ 530 milhões com a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), poderá ser revertido "total ou parcialmente". No entanto, a dirigente da estatal do petróleo ressaltou, durante audiência na Câmara, que a eventual recuperação dos prejuízos dependerá de fatores externos, como a realização de investimentos na planta de refino norte-americana.
"As perdas da Petrobras podem ser revertidas total ou parcialmente. Mas, para isso, é preciso melhorar o potencial de refino, haver aumento do consumo de derivados e fazer novos projetos de investimentos", ponderou a presidente da estatal ao prestar esclarecimentos sobre a compra da refinaria na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara.
A aquisição da refinaria do Texas é alvo de investigações do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União (TCU). O negócio polêmico também deverá ser investigado por uma comissão parlamentar de inquérito no Senado.
Ao todo, a Petrobras desembolsou US$ 1,25 bilhão pela planta de refino. Em 2005, segundo informações da própria estatal, a empresa belga Astra Oil havia pago US$ 360 milhões para comprar a refinaria.
Graça Foster disse aos deputados federais que a Petrobras tem tentado melhorar o potencial de refino e os projetos de investimentos em Pasadena, porém, explicou a dirigente, o consumo norte-americano ainda está em baixa. Ela repetiu argumento já sustentado no Senado de que a aquisição da usina, em 2006, seguia o planejamento estratégico da Petrobras de aumentar a capacidade de refino no exterior.
No conjunto, se a gente soma [os dados] o negócio era potencialmente bom, e se olha agora a situação que aconteceu em Pasadena, definitivamente, não foi um bom negócio, no conjunto das análises. Qualquer perda que se tem no início é muito ruim"
Graça Foster, presidente da Petrobras
Mau negócio
Durante a audiência pública, a presidente da Petrobras voltou a afirmar que a aquisição da refinaria "não foi um bom negócio". Ela, entretanto, defendeu que, na época da compra da planta de refino, o negócio "era pontencialmente bom".
"No conjunto, se a gente soma [os dados] o negócio era potencialmente bom, e se olha agora a situação que aconteceu em Pasadena, definitivamente, não foi um bom negócio, no conjunto das análises. Qualquer perda que se tem no início é muito ruim", destacou Graça Foster.
Durante a audiência, a dirigente da Petrobras também foi questionada sobre o motivo de o ex-diretor da área internacional da estatal Nestor Cerveró não ter sido demitido em 2008, ano em que o Conselho de Administração tomou conhecimento de que ele havia omitido duas cláusulas importantes ao apresentar a proposta de compra de metade da refinaria dos Estados Unidos.
Cerveró é o autor do relatório considerado "falho" pela presidente Dilma Rousseff por não ter detalhado as regras aos conselheiros da Petrobras. Ele foi destituído do comando da área internacional após o Conselho de Administração ter sido informado sobre o teor das cláusulas Marlim e Put Option, que causaram o prejuízo de US$ 530 milhões à companhia brasileira.
A primeira cláusula exigia um lucro mínimo anual à Astra Oil, sócia da Petrobras na refinaria, independentemente do mercado. A segunda obrigava uma das sócias a comprar a parte da outra em caso de litígio. Foi essa regra que obrigou a Petrobras a desembolsar US$ 1,25 bilhão pela refinaria.
Depois de deixar a diretoria da Petrobras, Cerveró foi nomeado diretor financeiro da BR Distribuidora, uma subsidiária da estatal. Ele deixou o cargo somente após Dilma criticar publicamente seu relatório.
"Não fazia parte do Conselho naquela época e não posso responder a essa pergunta", respondeu Graça Foster ao ser indagada sobre a permanência de Cerveró na empresa.
Graça Foster explicou ainda que, em 2008, se posicionou a favor da compra da segunda metade da refinaria de Pasadena, transação que elevaria o custo com o negócio nos anos seguintes, numa disputa arbitral e judicial. Ela explicou que a cláusula Put Option impunha somente à Petrobras comprar a parte da sócia Astra Oil em caso de desentendimento.
"A minha posição foi a favor dos outros 50% porque era um fato consumado. Seria feita a aprovação. Nós deveríamos fazer a aquisição", afirmou.
Ela disse que, naquele momento, as margens de produtividade ainda eram "excepcionalmente altas", passando de 100 mil para 200 mil barris por dia.
Deputados de oposição exibem foto de reunião entre Dilma, Lula, o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli e o ex-diretor da empresa Paulo Roberto Costa (Foto: Renan Ramalho / G1)Deputados da oposição exibem foto de reunião
entre Dilma, Lula, o ex-presidente da Petrobras
Sérgio Gabrielli e o ex-diretor da empresa Paulo
Roberto Costa (Foto: Renan Ramalho / G1)
Paulo Roberto Costa
Questionada sobre se conhecia o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, Graça Foster confirmou que sim. Costa foi preso pela operação Lava Jato, da Polícia Federal, sob a suspeita de fazer tráfico de influência na estatal.
"O Paulo Roberto eu conheço de longa data, há longos anos. No mais, só o tempo, só as apurações vão colocar toda a verdade sobre a mesa. É preciso apurar", declarou.
Ao comentar a operação Lava Jato, que investiga esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de US$ 10 bilhões, Graça Foster disse que o suposto envolvimento de Paulo Roberto Costa é algo que "constrange profundamente" a empresa.
Resumo executivo
Ainda durante a audiência, Graça Foster explicou aos deputados o motivo de o Conselho de Administração ter decidido autorizar a compra da refinaria de Pasadena somente com base no resumo executivo de Cerveró. Segundo ela, desde 1999, os conselheiros recebem esse documento para orientar as decisões.
"Todas as nossas pautas são encaminhadas via resumo executivo. Essa prática foi decisão tomada em 1999. Isso valia também para a diretoria. Para o conselho, vai o resumo, mas para a diretoria vai todos os documentos internos e todos os anexos", explicou a executiva.
Graça Foster disse que cabe à diretoria verificar a exatidão dos números e balanços referentes a cada operação.
Ao final da sessão, deputados de oposição se disseram insatisfeitos com as respostas da dirigente da estatal e defenderam a necessidade da CPI para apurar os negócios da empresa.
"Há muitos desmandos, sabemos que o povo brasileiro perdeu, queremos achar agora quem levou tanto dinheiro, daí a necessidade de CPI", disse o líder do PPS, Rubens Bueno (PR).
Já o deputado José Guimarães (PT-CE) elogiou a participação de Graça Foster na audiência e concordou com a avaliação da presidente da Petrobras sobre a compra da refinaria de Pasadena.
"Naquele momento, foi um bom negócio, concordo com a presidente Graça. Hoje, analisando depois desses anos todos, fica uma interrogação: hoje, como se comportam as empresas petrolóferas do mundo", indagou o petista.

Equipe de Comunicação da AEB
E-mail: buritisempre@hotmail.com

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